23.12.2014 |
ANáLISE DE MERCADO DO ARROZ - por PLANETA ARROZ
Além do horizonte
Arroz gaúcho valorizou em 2014, e deve manter-se assim até perto da colheita
Belo visual das lavouras esconde problemas de implantação que podem gerar falhas de produtividade
Foto: Robispierre Giuliani/Planeta Arroz
O mercado de arroz no Rio Grande do Sul mantém a trajetória de valorização em dezembro, acumulando alta de 0,5% em dezembro, para R$ 38,02 a saca na última segunda-feira (22/12). Os preços já estiveram melhores no final da semana passada, quando chegaram a R$ 38,13 por saca de 50 quilos, em casca (58x10), segundo o indicador de preços do arroz em casca ESALQ/Bolsa Brasileira de Mercadorias-BM&F Bovespa. Os valores se referem ao produto colocado na indústria, com pagamentos à vista. No mercado “livre” gaúcho os preços referenciais ficam entre R$ 37,00 e R$ 38,15 na maior parte das praças, de acordo com as variáveis de contrato de compra (se com prazo ou à vista, se colocado na indústria ou não).
Os analistas consultados por Planeta Arroz consideram que ainda há fôlego para mais um avanço até perto dos R$ 39,00 no final de janeiro, mas não vêm um cenário consolidado para que este referencial regional ultrapasse os R$ 40,00. Isso porque, apesar da recuperação da área de plantio no final da época preferencial de semeadura, a lavoura de arroz vem sofrendo com o clima. O visual é bom, mas interrupções de fornecimento de energia durante a irrigação, atraso no plantio e falta de uniformidade nas lavouras, podem gerar uma produtividade abaixo do praticado. Além do horizonte, a expectativa é de um 2015 muito estável, similar ao 2014, mas muito mais dependente das exportações.
Ao longo da RST 287, entre Tabaí e Santa Maria, passando por uma longa área de várzeas de Taquari, Bom Retiro do Sul, Venâncio Aires, Santa Cruz do Sul, Candelária, Novo Cabrais, Paraíso do Sul, Restinga Seca, Agudo, Camobi e Santa Maria, no coração da Depressão Central, que foi a última região a concluir sua semeadura, já com bastante atraso, nota-se diversas lavouras com problemas como a infestação por cyperáceas, acamamento – após o temporal do último final de semana, buracos sem plantas em lugares onde passaram enxurradas, falhas de emergência junto às taipas, e alguns sinais de fitotoxicidade em algumas áreas. Situações bastante comuns na região.
Isso não permite assegurar que todo o rendimento esperado das variedades será expressado nesta safra, pois dependerá muito do manejo. A semeadura no Rio Grande do Sul está concluída. Neste trajeto é possível perceber que algumas – mesmo que mínimas – áreas chegaram a ser preparadas para cultivo do arroz, mas não foram semeadas, provavelmente pelo atraso muito além do esperado.
De maneira geral o mercado apresenta bases sólidas para os preços do arroz. O dólar valorizado ajuda nas exportações, muito embora em 2015 o terminal arrozeiro do Porto de Rio Grande esteja interditado por conta da reforma do Cais do Porto Novo e do Terminal da Cesa. O Terminal da Cesa, no caso, ainda depende do OK, da equipe do governador que assumirá nos próximos dias, para ser efetivamente realizada.
Os preços do arroz em 2014 tiveram uma valorização acumulada pouco superior a 6,2% sobre o ano passado. É praticamente o índice da inflação. Isso se deve ao bom fluxo das exportações, a presença da soja entre os produtos do portfólio de comercialização do arrozeiro, a valorização do boi, que também integra este portfólio para alguns produtores, permitindo alternativas de capitalização, bem como ao estoque mínimo mantido pelo governo e a relação de equilíbrio entre oferta e demanda. Nota-se, porém, uma leve retração nos volumes processados no Rio Grande do Sul, o que o analista Tiago Sarmento Barata, da Agrotendências Consultoria em Agronegócios, considera ser reflexo do aumento da presença do arroz do Paraguai – a preços muito competitivos – no Sudeste brasileiro. Atualmente, 53% das importações nacionais são procedentes do Paraguai.
VAREJO
Ainda assim, na última semana nossos analistas se depararam com sacas de 5 quilos de arroz, classificado como Tipo 1, sendo vendidas entre R$ 7,19 (R$ 1,44 o quilo) e R$ 7,69 (R$ 1,54) em supermercados da Depressão Central. Por estes valores, um fardo de arroz beneficiado estaria chegando em preço final, no varejo, a R$ 43,14, abaixo até do preço praticado pelo fardo na indústria para o varejo - e R$ 46,14. Levando em conta que o supermercado tenha pelo menos 10% de lucro sobre a operação, o fardo teria que chegar “limpo” à sua gôndola por um preço final da indústria entre R$ 38,82 e R$ 41,52. Mas, sabemos que não é esta a realidade. Daí, a dúvida é como uma indústria faz o milagre de comprar arroz entre R$ 35,00 e R$ 37,00 ao longo do ano, acumular os custos de processamento, frete, todos os encargos e leva-lo ao varejo por uma diferença que pode ficar em R$ 1,80 a, na melhor das hipóteses, R$ 6,50, por fardo.
MERCADO
A Corretora Mercado, de Porto Alegre (RS), indica preços referenciais para o arroz gaúcho nesta semana em R$ 38,15 para a saca de 50kg, em casca (58x10). Já a saca de 60 quilos do produto beneficiado (branco, tipo 1, sem ICMS) é cotada a estáveis R$ 75,00. Entre os “quebrados”, o canjicão manteve-se cotado a R$ 45.00 nos últimos 20 dias (60kg/FOB) e a quirera, também em 60kg/FOB, em R$ 40,00. A tonelada do farelo de arroz, colocada em Arroio do Meio/RS (CIF) tem indicação de preço de R$ 410,00.
PLANETA ARROZ
A equipe da Revista Planeta Arroz, Editora Casa Brasil e Grupo Vieira da Cunha desejam um Feliz Natal, uma grande colheita, e um ano de 2015 próspero, e de muita fartura a todos os amigos e leitores que compõem a cadeia produtiva do arroz!
Informamos que o fechamento publicitário da Revista Planeta Arroz que circulará na Abertura Oficial da Colheita do Arroz – com o encarte Planeta Soja - será o dia 18 de janeiro, e que voltaremos com as análises e a newsletter a partir do dia 5 de janeiro de 2015. A todos, um grande abraço de nossa equipe e o desejo de felicidades, paz e muito sucesso!
Até lá!